«Acordo, mais um dia. E, mais uma vez, levanto-me e sento-me à janela. Mais um dia a ver a chover. A chuva cai sem pedir permissão e, com ela, trás a tristeza e a angústia de quem, no meio da tempestade não encontra o sol. Cai e cai, cada vez mais.
O céu cada vez mais negro como o coração daqueles que não encontram estrelas no meio do imenso universo. O som da chuva a cair no chão que, todos os dias, alguém pisa forma o ritmo de uma música de mágoa e desespero. As nuvens, tal como falsos amigos, unem-se e impedem o sol de chegar aos meus olhos e ao meu coração. Esse sol, que com o seu calor podia enxugar as lágrimas do choro de uma criança. A tempestade cada vez mais forte e, agora, chega a vez do vento. Esse vento que, tal como os que falam da boca para fora, leva o que tem à sua volta. As folhas, tal como as palavras, são arrastadas para o mais longe que o vento consiga soprar. E Ainda não acabou… Chega a trovoada. Tal como explosões no coração, os trovões enraivecem a tempestade. Com um enorme estrondo e uma pequena faísca de luz que, logo a seguir, desaparece sem que haja tempo para sorrir.
As gotas de chuva atravessam o vidro da janela e começam a cair pelo meu rosto. Como é possível? A tempestade está a invadir-me. O vento leva as minhas palavras e ninguém me consegue ouvir gritar. Os trovões mostram, em pouco tempo, um raio de luz que não passa de ilusão, pois logo a seguir desaparece. E o som da chuva escreve o ritmo da música da minha vida onde as palavras são lágrimas, os versos são mágoas e, as estrofes, sofrimento.
Cai a noite e, ainda não parou de chover. Mais um dia como os outros. A ver, a ouvir e a sentir a tempestade dentro de mim. Mas deito-me com esperança de que amanha o sol apareça e tudo o que sempre acreditei que seria possível finalmente aconteça.»
Espero que tenham gostado do texto que já escrevi há vários anos, quando não tinha esperança nem certezas de um dia melhor, mas sei que é possível e tudo o que é preciso é ACREDITAR!