«Desceram, os dois, as escadas devagar, mas quando chegaram à porta da cozinha ela estava trancada.
-E agora António?- Sussurrou Clara.
-Vamos ver se está alguém na sala. Se não estiver, saímos por lá.
-O quê?
-Não te preocupes! – Sorri, malandro, para aliviar o nervosismo. – Eu protejo-te.
Foram os dois em direção à sala. Clara ia agarrada a António. Ele deu-lhe a mão e foi mais à frente. Quando chegaram à sala só lá estava um homem estendido no chão.
-António, olha ali!-Disse Clara apontando para o homem.
António foi em direção ao homem para ver se estava vivo. Pôs o seu dedo indicador no pescoço do homem e viu que não tinha pulsação.
-Está morto!-Diz António olhando para Clara.
-Vamos embora, por favor!-Pede Clara assustada.
Tentaram abrir porta, mas também estava trancada.
-Quem trancou as portas todas?
Ouviram-se passos e alguém a falar.
-Vamos esconder-nos. Rápido!
António puxa Clara pela mão e escondem-se atrás de uma secretária que estava na sala. Desceram dois homens pelas escadas e foram em direção o cadáver.
-Eu disse-te que não estava cá ninguém. – Disse um.
-Aquilo não estava lá quando saímos. Eu tenho a certeza.
-Para com isso! Temos mais para fazer…
-Este teve o que merecia…-Disse um dos homens dando-lhe um pontapé.
Clara apertou com toda a sua força a mão de António e este, para a acalmar, abraçou-se a ela.
Os homens ficaram na sala cerca de 20 minutos e, António e Clara, ficaram todo esse tempo atrás da secretária, abraçados.
-Vou lá fora ver se o chefe ainda demora… – Diz um dos homens.
-Eu vou contigo.
Saíram os dois, mas voltaram a trancar a porta. Porque trancariam as portas? Desconfiariam que estava mais alguém dentro da casa?
-Anda! Rápido!-Disse António puxando Clara pelo braço. Subiram as escadas a correr e trancaram-se no quarto. Clara estava a tremer.
-Calma Clara. Vai correr tudo bem. -Disse António.
-Achas que vai correr tudo bem? Estes homens não estão par brincadeira. Se nos apanham aqui ainda…
-Ainda nada. Eu não deixo que ninguém te faça mal. – Diz António abraçando-se a Clara.
Sentaram-se num canto do quarto, mas sempre abraçados. Passados alguns minutos, António levanta-se e vai à janela.
-Que vais fazer? – Pergunta Clara preocupada.
-Vou ver se consigo perceber o que se passa aqui.
Os homens estavam no jardim com um terceiro. Depois de alguns minutos a discutir um dos homens apontou uma arma a este terceiro. Ele não estava muito assustado. Ele achava que o “amigo” não era capaz de disparar contra ele, mas enganou-se. Disparou mesmo. E António baixou-se e Clara correu até ele e abraçou-se a ele ainda baixados. Levantaram-se os dois devagar e espreitaram novamente. O homem não se mexia, mas eles continuavam a trata-lo mal mesmo depois de morto.
Voltaram para o canto e sentaram-se.
-Posso fazer-te uma pergunta?-Pergunta António.
-Claro, diz!- Diz Clara.
-Como estão as coisas com o Filipe? Eu percebi que não estavas bem…
Filipe era o ex-namorado de Clara. E já há algum tempo que Filipe e António tinha problema, pois António há muito que gostava de Clara.
-Acabámos.- Diz Clara.
António não consegui conter um sorriso.
-Ele não é rapaz para ti. – Diz António.
-Achas que é a altura para falar disso?
Ouviram-se passos no corredor.»
O que estão a achar? Deixem a vossa opinião 🙂